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Showing posts from January, 2013

Esmeraldo de Situ Orbis

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A raridade  sui generis  do " Esmeraldo de Situ Orbis ", o famoso roteiro de Duarte Pacheco Pereira, dever-se-á, na proposta da tese de Domingues (1), não à informação privilegiada que esconde, o que tem sido avançado até aqui, antes sim por se abrigar numa mundividência que os factos coetâneos tornaram obsoleta. Será assim com base neste ponto que o roteiro terá perdido a sua credibilidade e pertinência.  As navegações em curso, assinaladamente a identificação do continente americano e sua circumnavegação, demonstraram a inexactidão das palavras do Esmeraldo. Não foi porém a raridade a trazer reconhecimento ao Esmeraldo. Domingues vai ao encontro da questão. A fama deve-se a uma leitura desvirtuada do texto, onde se pretende fazer uma leitura de descoberta do Brasil em 1498. Para Domingues é sim necessário inscrever as palavras de Duarte Pacheco Pereira no tempo e perceber o seu pensamento e a sua mundividência. Segundo o investigador, as palavras do Esmeraldo...

O Curach

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Pequena embarcação com estrutura de madeira e revestida de peles, de três ou quatro remos, usada nas ilhas Britânicas, pelo menos desde a Alta Idade Média. Cerca do ano de 500 é descrita pela primeira vez pelo poeta latino Avicena. Composições mais complexas, com vela, terão servido na ligação entre a Irlanda e as ilhas Féroe. Segundo o monge Dicuil (séc. IX), tal feito (em dois dias e duas noites com vento de feição) terá sido conseguido por confrades ermitas por volta do ano 825 (in "Liber de orbis Mensura Terrae"). Ari Thorgilsson (1067-1148) relata, posteriormente, que aqueles abandonaram as Féroe à chegada dos primeiros Vikings, deixando para trás os pertences, particularmente os livros e os báculos.

Cartografia medieval

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Fragmento de Mapa-mundo do Apocalipse de Lorvão (1189), cópia ilustrada (de Egeas do Mosteiro de São Mamede de Lorvão) do " Commentarium in Apocalypsin " (776) de Beato de Liébana (701?-798). O descortinar em Quinhentos de uma realidade nova do mundo, de uma ecúmena não mais tripartida, tal como a cartografia alto medieva difundia, não deixou incólume o afeiçoamento medievo europeu à teologia cristã. O crepúsculo da Idade Média é notoriamente matizado por uma reforma da Cristandade Ocidental. Neste contexto, também o surgimento dos mecanismos do capitalismo e do colonialismo coincidem com a emergência de uma metafísica antropocêntrica divorciada de uma comunhão com a figura de Cristo. É peculiar o processo paralelo de quase metamorfose da cartografia, a partir de Quatrocentos, com o surgimento das cartas-portulano. A representação do mundo escapa então já à obediência teológica, relegando essa para aspectos simbólicos, onde se alude tão só à eventual existência de lug...