A feitoria portuguesa de Arguim


Na imagem, Ouadane.
Entreposto em oásis sob o eixo senegalês-marroquino das rotas do ouro e escravos, e que poderá ter estado na base da fundação da feitoria portuguesa de Arguim na costa ocidental africana.

A visão portuguesa sobre Marrocos não se pode ler dissociada do enredo Peninsular. Qualquer que seja a perspectiva, será sempre intrínseca da questão castelhano-aragonesa. Em que medida? Na medida de uma gestão de equilíbrios, influências e pressões: na Península; indirectamente na Europa; nos acessos ao Mediterrâneo e Mar do Norte; na posição de força sobre estas questões; e por último no abrir de opções para o Atlântico Sul, se bem que, pelo menos aqui, nos deparemos internamente diante estratégias díspares em face do tema marroquino e africano.

Em termos genéricos, os sinais de que uma posição portuguesa sobre o Atlântico Sul havia sido clarificada em meados de Quatrocentos, percebe-se, objectivamente, com a inauguração da feitoria de Arguim. Esta posição é reforçada pela alteração de importância da Madeira no cenário atlântico, justamente quanto ao destaque que a economia do açúcar madeirense (*) toma no mercado europeu, negócio que se encontra em fase ascendente nos anos 1450-1506.

Estas significativas posições conjuntas consubstanciam a identificação da génese de uma política externa portuguesa, conscientemente formulada, no que respeita a um papel no teatro europeu sobre as questões atlânticas.

*Vieira, A. (2007). Alberto Vieira é investigador do Centro de Estudos de História do Atlântico, Funchal - Madeira.

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