Ceuta, Arguim, o Mediterrâneo e o Mar do Norte
De Jorge Borges de Macedo lemos o seguinte:
"A conquista e conservação de Ceuta foi acompanhada, muito de perto, pela expansão marítima portuguesa de que resultou a descoberta da viagem de ida e volta para a Madeira e a inclusão desta na vida europeia. O ter sido descoberta despovoada, ao contrário do que sucedia com as Canárias, mostra os limites da tecnologia naval europeia e o progresso que os portugueses lhe deram. O povoamento da ilha, assim como o tráfego de Arguim e a presença portuguesa em Ceuta levaram a que se constituísse uma área de influência europeia inteiramente nova e que, a pouco e pouco, acabou por permitir que se constituísse uma forma de apoio atlântico diferente da que se centrava no Mar do Norte, saturado de compromissos.
"A conquista e conservação de Ceuta foi acompanhada, muito de perto, pela expansão marítima portuguesa de que resultou a descoberta da viagem de ida e volta para a Madeira e a inclusão desta na vida europeia. O ter sido descoberta despovoada, ao contrário do que sucedia com as Canárias, mostra os limites da tecnologia naval europeia e o progresso que os portugueses lhe deram. O povoamento da ilha, assim como o tráfego de Arguim e a presença portuguesa em Ceuta levaram a que se constituísse uma área de influência europeia inteiramente nova e que, a pouco e pouco, acabou por permitir que se constituísse uma forma de apoio atlântico diferente da que se centrava no Mar do Norte, saturado de compromissos.
(…)
Esta orientação não deve levar-nos a supor D. João I desinteressado das relações com o Norte da Europa. Também nesse campo tem cabimento a sua política marroquina. O papel de Ceuta veio a ser reforçado pelo desenvolvimento da exploração da costa de África e do oceano. Esses três pontos conjugados tornaram Portugal numa potência a considerar relativamente à saída do Mediterrâneo e alargaram a outras áreas a influência que a costa portuguesa já exercia sobre o tráfego europeu. Não obstante, a sua influência sobre o Atlântico Sul só lhe podia trazer vantagens se fosse possível ligá-lo às necessidades do Mar do Norte e do Mediterrâneo e caso o domínio das novas áreas pudesse ser mantido.
(…)
Esta capacidade de aproveitar o Atlântico Sul levada a efeito por um estado europeu - Portugal - era o elemento novo que se acrescentava às formas tradicionais já definidas para o século XIV."
Esta orientação não deve levar-nos a supor D. João I desinteressado das relações com o Norte da Europa. Também nesse campo tem cabimento a sua política marroquina. O papel de Ceuta veio a ser reforçado pelo desenvolvimento da exploração da costa de África e do oceano. Esses três pontos conjugados tornaram Portugal numa potência a considerar relativamente à saída do Mediterrâneo e alargaram a outras áreas a influência que a costa portuguesa já exercia sobre o tráfego europeu. Não obstante, a sua influência sobre o Atlântico Sul só lhe podia trazer vantagens se fosse possível ligá-lo às necessidades do Mar do Norte e do Mediterrâneo e caso o domínio das novas áreas pudesse ser mantido.
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Esta capacidade de aproveitar o Atlântico Sul levada a efeito por um estado europeu - Portugal - era o elemento novo que se acrescentava às formas tradicionais já definidas para o século XIV."
Borges de Macedo, J. (2006). História Diplomática Portuguesa: Constantes e Linhas de Força. Tribuna da História, Lisboa.