João Fernandes
"Capitollo XXIX
Como Antam Gllz, e Gomez Pirez, e Diego Affonso, forom ao ryo do Ouro.
Aquelle anno (1443) mandou o Iffante Antam Gllz, aquelle nobre cavalleiro de que ja fallamos, em huu caravella, e Gomez Piz, patrom delRey, em outra caravella; e esta hya per mandado do Iffante dom Pedro, que a aquelle tempo regya o regno em nome delRey. E tambem era hi outra caravella, em que hya huu Diego Affonso, criado do Iffante dom Henrique; os quaaes todos juntamente hyam pera veer se poderyam trazer os Mouros daquella parte a trautos de mercadorya. E ouveram falla e grandes seguranças com os Mouros que o Iffante la mandava, pera veer se com o dicto fingimento os poderyam encaminhar pera salvaçom. Porem nom poderam com elles encaminhar, nem fazer mercadarya, mais que de huu negro. E assy se tornarom sem mais fazer, senom que trouverom huu Mouro velho, que per sua voontade quis viir veer o Iffante, do qual recebeo muyta mercee, segundo sua pessoa, e despois o mandou tornar pera sua terra. Mas nom me spanto tanto da viinda daqueste, como de huu scudeiro que hya com Antam Gllz, que se chamava Joham Fernandez, que de sua voontade lhe prouve ficar em aquella terra, soomente polla veer, e trazer novas ao Iffante, que quando quer que se acertasse de tornar [1]. E do movymento desde scudeiro, e de sua boa bondade, leixo o processo pera outro lugar.
[1] Barros diz: 'Para particularmente ver as cousas daquelle sertão que habitão os Azenegues, e dellas dar razão ao Infante, confiando na lingoa delles que sabia, o qual tornou depois ao reino.' "
Zurara, G. (1844), Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné. J.P.Aillaud, Paris.
Como Antam Gllz, e Gomez Pirez, e Diego Affonso, forom ao ryo do Ouro.
Aquelle anno (1443) mandou o Iffante Antam Gllz, aquelle nobre cavalleiro de que ja fallamos, em huu caravella, e Gomez Piz, patrom delRey, em outra caravella; e esta hya per mandado do Iffante dom Pedro, que a aquelle tempo regya o regno em nome delRey. E tambem era hi outra caravella, em que hya huu Diego Affonso, criado do Iffante dom Henrique; os quaaes todos juntamente hyam pera veer se poderyam trazer os Mouros daquella parte a trautos de mercadorya. E ouveram falla e grandes seguranças com os Mouros que o Iffante la mandava, pera veer se com o dicto fingimento os poderyam encaminhar pera salvaçom. Porem nom poderam com elles encaminhar, nem fazer mercadarya, mais que de huu negro. E assy se tornarom sem mais fazer, senom que trouverom huu Mouro velho, que per sua voontade quis viir veer o Iffante, do qual recebeo muyta mercee, segundo sua pessoa, e despois o mandou tornar pera sua terra. Mas nom me spanto tanto da viinda daqueste, como de huu scudeiro que hya com Antam Gllz, que se chamava Joham Fernandez, que de sua voontade lhe prouve ficar em aquella terra, soomente polla veer, e trazer novas ao Iffante, que quando quer que se acertasse de tornar [1]. E do movymento desde scudeiro, e de sua boa bondade, leixo o processo pera outro lugar.
[1] Barros diz: 'Para particularmente ver as cousas daquelle sertão que habitão os Azenegues, e dellas dar razão ao Infante, confiando na lingoa delles que sabia, o qual tornou depois ao reino.' "
Zurara, G. (1844), Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné. J.P.Aillaud, Paris.