Lagos

Numa vila que tem por eixo uma escala de interesses baseada no mar e cujos vectores estão nas pescas, nos comércios e nas actividades mercantis, as elites tardo medievas de Lagos estão naturalmente ligadas ao mar. O seu sucesso pode simplesmente ser conjunturalmente fortuito, mas é claramente no circuito lacobrigense que se funda uma dinâmica cujo ponto alto se encontrará na criação da Feitoria de Arguim e respectiva Casa dos Tratos de Arguim, depois da Guiné e ainda da Mina e que é posteriormente transladada para Lisboa.

E por tudo isto Lagos cresceu. Cresceu por si só, mas igualmente por se posicionar num âmbito de interesses superiores particularmente favoráveis à vila algarvia no pós conquista de Ceuta. É com algum critério que se aceita pois poder ter a Coroa mitigado interesses e políticas de Estado em Lagos, ao deslocar para aí uma comunhão com as iniciativas locais, das quais a mais visível será sem dúvida a vinda do Infante D.Henrique para Lagos.

Mas sobre tudo isto subsistem algumas curiosidades. Porque solicitou o Infante, antes de partir para Lagos, a Gil Eanes que fosse na tentativa de passar o Bojador? Porquê a um personagem de Lagos? Terá acontecido o contrário? Terá Gil Eanes tentado a descida africana e depois promovido a situação junto do Infante? Na verdade já antes se partira para a Madeira de Lagos e simbolicamente também foi de Lagos que partiu a Armada para Ceuta. Não há coincidências em tudo isto, pode pensar-se. Há sobretudo uma posição geoestratégica que é naturalmente aproveitada pela comunidade lacobrigense, em especial pelas suas elites que têm no mar a sua origem. E uma visão de futuro.

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