O castelo de Arguim segundo Cadamosto

Porque fala Cadamosto da existência de um castelo em Arguim?
Cadamosto fez duas viagens na década de 50 a África sob o patrocínio do Infante D.Henrique. Sabemos também que Cadamosto usou a volta pelo largo das Canárias rumo ao Cabo Branco, seguindo depois, sem entrar na Baía de Arguim, para a costa africana do Rio Senegal em diante. Cadamosto não visitou nunca a ilha de Arguim. Nem na ida, nem tão pouco e menos ainda no regresso. Então porque refere a existência de um castelo, em Arguim, no relato das suas viagens?
Alguns autores sugerem tratar-se de uma incoerência de Cadamosto. É razoável, mas eu penso que pode haver uma outra razão.
Sabemos que Cadamosto não visitou pessoalmente Arguim. Ora se afirma que Arguim tem um castelo, poderá ser que essa informação lhe tenha sido assim deliberadamente transmitida.
Quem e em que moldes terá feito circular essa ideia, uma vez que não correspondia à verdade?
Se o castelo foi construído em 1461, como João de Barros adianta, em minha opinião na década de 50 o castelo seria provavelmente uma estratégia da Coroa. A sua concretização dependia dos desenvolvimentos no terreno. Ora o elo de ligação aqui é o Infante D.Henrique. Pode por isso pensar-se que apesar de em Portugal a Coroa ter a construção do castelo como estratégica, à data das viagens de Cadamosto, a realidade do castelo mais não era de facto do que uma estratégia.
A importância da mensagem do Infante para Cadamosto talvez fosse no sentido de construção de um cenário que a Coroa portuguesa projectava.

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