Arguim: a Cerne do périplo de Hanno


Major James Rennell

No séc. V a.c., Hanno, almirante cartaginês, afirma ter navegado no mar Oceano para lá das Colunas de Hércules, tendo percorrido depois destas igual distância à que fizera de Cartago às Colunas, e assim alcançando uma pequena ilha, recolhida no interior de grande baía da costa ocidental africana, a que chamou de Cerne. Foi Plínio, o Velho, ao séc. I d.c., na sua monumental Naturalis Historiae, obra de carácter enciclopédico, quem talvez primeiro tenha anotado o relato de Hanno.

No primeiro quartel de Quatrocentos, talvez alertado sobre a questão das navegações antigas no Oceano, o cartógrafo maiorquino Mécia de Viladestes repescou o tema da narrativa clássica, tendo então desenhado numa carta-portulano sua, em 1413, uma galé a sul das Afortunadas, eventualmente assinalando a viagem do almirante. Será antes a viagem de Jaume Ferrer ao Rio do Ouro? Talvez sim.
Também Duarte Pacheco Pereira (1460-1533) levou bastante a sério o relato de Hanno, que lê em Plínio, dedicando-lhe no Prólogo do seu Esmeraldo de Situ Orbis particular citação.
Pouco se sabe de Hanno e poucos procuraram seguir os vestígios da sua viagem.

No início do séc XIX, o major James Rennell (1742-1830), geógrafo e historiador britânico, que depois de uma vida a estudar o Atlântico e em particular as correntes oceânicas, mas também as primeiras viagens europeias no oceano, sugeriu um pouco mais da leitura do "Périplo de Hanno", e defendeu ser afinal Cerne a actual ilha de Arguim.

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